O maior problema das mães não é o bebê que chora muito e só se acalma no colo, que se retorce de gases e cólicas, que regurgita, que não pára no berço ou carrinho, que se desperta várias vezes de madrugada, que precisa ser amamentado, trocado, limpo e cuidado 24h por dia, 7 dias por semana, sem pausas para café, banho, sono ou alimentação. Os maiores problemas das mães não são que a criança não pára, que pula, brinca, corre, canta, sobe e desce desde quando acorda até quando vai dormir.

Os maiores e reais problemas das mãe são as idéias equivocadas sobre maternidade que lhes foram ensinadas, são as expectativas irreais dos adultos em relação ao comportamento dos bebês, e das crianças, são os mitos e crendices que prometem soluções mágicas e entregam mais desespero e esgotamento. São as informações (ou desinformações) inadequada sobre parto, pós-parto, amamentação, puerpério e criação dos filhos. São a má assistência profissional e a rede de apoio inexistente ou deficiência São os palpites de quem usa muito a boca e os olhos para criticar porém é incapaz de arregaçar as mangas para ajudar. São as visitas inconvenientes, os programas de finais de semanas feitos para os adultos, que ignoram e desrespeitam as necessidades e rotinas de uma criança.

Os reais problemas das mães são os pais que não exercem uma paternidade efetiva, não assumem os próprios filhos, não participam das tarefas do lar, e limitam-se apenas a fazer cobranças. Os problemas das mães são fruto da privação do sono e do peso de carregar sozinha ou sem ajuda adequada uma casa, uma vida e uma profissão.

Os bebês são extremamente indefesos, neurologicamente imaturos e dependentes de cuidados, do pele a pele, do peito e do colo. As crianças são ativas, desbravadoras, alegres e barulhentas. Então por que nossa sociedade insiste em querer modificá-los? “Não pega no colo! Deixa chorar que ele aprende! Tira do peito e dá mamadeira com farinha que ele dorme! Dá remédio, chazinho, calmante!Dá chupeta! Coloca na TV, no celular no tablet que ele pára! Coloca na escola, na natação, no judo, na dança, na aula de música que ele cansa!

O que se ignora é que os esforços deveriam estar dirigidos a mudar o entorno desta mãe, visto que ela precisa de apoio e suporte para se dedicar a seu filho, e ainda ter tempo para descansar, alimentar – se , tomar um banho quente, fazer um exercício e ter algum lazer. O maior problema das mães é que para isto acontecer os adultos precisam mudar, sair da sua zona de conforto, assumir responsabilidades, modificar seu modus operandi. O que é difícil, exige concessão, e abrir mão das regalias de quando a vida era sem filhos, sem sobrinhos ou sem netos. Bem mais fácil é deixar a mãe sozinha e ainda culpá-la por seu cansaço, irritabilidade, e isolamento. Muito mais fácil é condená-la por sentir falta de sua vida antes de ter filhos. Mais fácil é apedrejá-la por desejar uma vida diferente da que tem agora.

A gestação pode ser limitante, a primeira infância certamente será demandante, então busquem informação, treinem sua rede de apoio em sintonia com suas expectativas e desejos e tipo de maternagem. Empoderem-se! Não sofram caladas, não se culpem,  afastem-se de quem não acrescenta e só critica. Vocês merecem todo o suporte para levarem adiante a maternidade com mais leveza. Busquem ser a melhor mãe que puderem: sem idealizações, sem culpas, e sem flagelos, apenas munidas de decisões concientes e expectativas reais.
Os primeiros 1000 dias da criança é a fase mais importante no desenvolvimento do ser humano. Acreditem, ele passa rápido. Aguentemos firmes.